Temos a mania de transferir para os outros a razão de nossas frustrações. É mais fácil, menos doloroso, dizer que alguém é responsável por nossas agruras, do que encarar a realidade e enfrentar os desafios propostos pela vida.
Sejamos francos, a vida é, às vezes, muito cruel. E as pessoas são, muitas vezes, muito egoístas. O problema está em ficar a vida toda se lamentado disso. Ficar se lamuriando, se lamentando e posando de vítima de uma conspiração das pessoas contra você não vai resolver nada. É preciso reconhecer, também, que boa parte dos nossos reveses é causada por nossas próprias decisões mal tomadas.
Isso é o que Henri Nouwen chama de “complexo do ferido”, quando a pessoa passa o tempo todo se queixando daqueles que o feriram, que não o ajudaram, que o abandonaram. Esse autor, um cristão admirável, escreveu que as pessoas que nós mais amamos, aquelas que nos rodeiam, em algum momento vão nos machucar. Elas são humanas. Assim, em vez de ficar se lamentando continuamente, é preciso compreender que os relacionamentos por vezes nos frustram e até nos machucam e perceber a segurança que há no relacionamento com Deus, e receber o Seu abraço.
Ficar envolto em queixumes pode nos levar à paralisia. Ficamos paralisados em nossa vida, seja pela raiva, pelo ressentimento, pela mágoa, pelo desânimo, pela frustração. Falta-nos a coragem para perdoar quem nos feriu. Falta-nos ânimo para tomar as rédeas da nossa vida e prosseguir. Somos tomados pela letargia.
Às vezes é necessário levar uma sacudida dessas para acordar e se levantar. É preciso encarar os fatos, levantar a cabeça, tomar as rédeas da vida, como uma pessoa adulta, e avançar, prosseguir. Ficar fazendo manha como uma eterna criança não vai resolver. Penso que Deus nos quer maduros em nossa fé e capazes de enfrentar a vida, com todas as suas vicissitudes.
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